Durante a quarta reunião ordinária da Coordenadoria das Câmaras Especializadas de Agronomia (CCEAGRO), realizada na semana passada, em Natal (RN), foram discutidos avanços significativos para a fiscalização e o fortalecimento da profissão no Brasil. Entre os principais temas, destacou-se a atualização do Manual de Fiscalização, que agora inclui o uso de inteligência artificial e tecnologias avançadas, e o lançamento de um plano estratégico que aborda questões importantes como o uso de agrotóxicos, competências dos engenheiros agrônomos e a formação técnica desses profissionais. A proposta visa orientar ações em todo o país, promovendo um alinhamento entre as Câmaras Regionais e contribuindo para a valorização do setor nos próximos anos. Esse encontro também destacou boas práticas regionais e novas diretrizes para o ensino da Agronomia, especialmente em cursos a distância, reforçando o compromisso com a qualidade na formação dos futuros profissionais da área. Confira a entrevista com o coordenador Antonio Barreto:
Quais foram os principais desafios enfrentados na elaboração do Manual de Fiscalização discutido nesta reunião?
O manual foi elaborado com um alto nível de especificidade, levando em consideração as dinâmicas e particularidades das atividades do engenheiro agrônomo. Dada a constante inovação no setor agropecuário, tornou-se necessária uma fiscalização mais próxima por parte do Conselho para garantir a qualidade técnica dos serviços prestados. Por isso, o manual foi atualizado e reinventado, incorporando tecnologias avançadas e inteligência artificial, o que proporciona uma maior segurança nas ações de fiscalização. Claro, o manual nunca é um documento finalizado — sempre há algo a ser aprimorado. No entanto, acreditamos que esta versão trará uma grande contribuição para as fiscalizações realizadas pelos Creas ao longo do próximo ano.
Como o plano estratégico da Agronomia, que será apresentado nesta quarta reunião ordinária, poderá impactar o setor nos próximos anos?
O plano estratégico para a Agronomia foi estruturado em torno de três eixos principais: o uso de agrotóxicos, as competências essenciais dos engenheiros agrônomos e a formação e capacitação técnica desses profissionais. Esse plano fornece diretrizes para a Coordenadoria das Câmaras Especializadas de Agronomia, fortalecendo tanto a atuação local, seja no Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Acre, Roraima ou Brasília, quanto a compreensão das particularidades regionais. A proposta é homogeneizar as ações a serem desenvolvidas nos próximos anos, com foco nesses três eixos, o que resultará em sete proposituras estratégicas. Acredito que essa seja uma grande sacada do Confea, pois valoriza a base do sistema e reforça a importância do engenheiro agrônomo, um profissional que muitas vezes enfrenta dificuldades para entender o real valor do próprio Sistema.
A inclusão de novos cursos de graduação e pós-graduação é um dos pontos da pauta. Quais são as expectativas para o cadastramento desses cursos no âmbito regional?
No âmbito regional, tivemos acesso a um conjunto detalhado de informações, incluindo o número de vagas em cursos presenciais e a distância, tanto em instituições públicas quanto privadas. Foi aberto um catálogo que permitirá às Câmaras de Agronomia trabalharem mais próximas dessas universidades, acompanhando o conteúdo que está sendo oferecido aos alunos e a qualidade desse ensino. Isso é fundamental para orientar os futuros profissionais a buscarem mais conhecimento e se prepararem adequadamente para o mercado. Esse levantamento das universidades poderá gerar bons estudos, talvez até teses, que poderão ser apresentadas em eventos como a Semana Oficial de Engenharia e Agronomia (Soea) e o Congresso Brasileiro de Agronomia (CBA) em 2025. Além disso, traz uma importante reflexão sobre o ensino a distância para os cursos de Agronomia. É uma inovação promissora, mas é preciso avaliar com cuidado a carga horária e os conteúdos que podem ser oferecidos nesse formato, já que o aprendizado presencial é essencial para proporcionar ao aluno vivência prática e habilidades para lidar com situações reais em campo.
Após os relatos das experiências e projetos apresentados pelos coordenadores regionais, quais boas práticas podem ser replicadas em outros estados?
Os coordenadores regionais trouxeram contribuições valiosas, cada um com suas particularidades. Por exemplo, a coordenadora de Rondônia, Ana Cecília, compartilhou excelentes experiências na fiscalização pedagógica, no monitoramento e no acompanhamento das atividades realizadas pelo Crea Rondônia, usando workshops e oficinas. Essa abordagem foi muito bem recebida e pode ser replicada em outros estados. Outro exemplo interessante veio de São Paulo, onde o foco foi o trabalho do engenheiro agrônomo na arborização urbana, desde podas até o cuidado com grandes árvores em cidades. Muitas vezes, a sociedade nem sabe quem é o profissional responsável por essas ações, e essas práticas ajudaram a destacar essa atuação.
Pode fazer um balanço do trabalho deste ano, considerando o ‘Marco Zero’ legal da profissão de engenheiro agrônomo e outros temas abordados nas reuniões?
Com a participação dos 26 coordenadores das Câmaras Especializadas de Agronomia, tivemos um ano bastante produtivo, marcado por um forte sentimento de busca por resultados. Enfrentamos os desafios e crises que muitos profissionais autônomos da área enfrentam, trabalhando para facilitar o desenvolvimento de suas atividades. Não se trata de um ‘Marco Zero’ no sentido de um começo absoluto, pois tivemos uma excelente condução em 2023 pelo colega Orlei, do Paraná. No entanto, 2024 trouxe um aprimoramento significativo, com um foco claro em resultados concretos. Podemos dizer que, neste ano, a Ceagro realmente fez jus ao conceito de uma “agronomia de resultados”.
Fonte: CONFEA
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